segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sociodiversidade indígena no Brasil e em Mato Grosso do Sul

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
Cursista: Sergio Luiz Romeiro
Especialização: História e Cultura dos Povos Indígenas

Sociodiversidade indígena no Brasil e em Mato Grosso do Sul
            A sociodiversidade indígena no Brasil e em Mato Grosso do Sul é muito grande.
            Uma estimativa dos povos indígenas no Brasil em 1500 era de aproximadamente 5 milhões de indígenas. Segundo Curt Nimuendaju em seus estudos registraram que antes da colonização existiam cerca de 1.400 grupos indígenas no território brasileiro.
            O antropólogo João Pacheco Oliveira em seus estudos disse “eram povos de grandes famílias lingüísticas- Tupi-Guarani, Jê, Karib, Aruak, Xirianá, Tucano, etc. Os europeus pela sua incapacidade de subjugar os que não eram Tupi,
 eram identificados como “Tapuios”.
            Atualmente o Brasil reconhece a diversidade sociocultural dos povos indígenas. Ela se expressa pela presença de mais ou menos 283 povos indígenas distintos, habitando centenas de aldeias localizadas em praticamente todos os estados da Federação, vivem em 628 terras indígenas descontínuas, totalizando 12,54% do território nacional. 60% da população está concentrada na região da Amazônia legal. No Brasil não há um modelo homogêneo de índios. (fonte: IBGE/2010).
            Podemos verificar a distribuição dos povos indígenas  pela informação do site WWW.socioambiental.org. que tem os seguintes dados:
- População indígena – 817.900
- Etnias indígenas – 283
- Terras indígenas – 628
- Aldeias indígenas – 4.067
- Línguas indígenas – 180
             O Mato Grosso do Sul possui uma população indígena estimada em 73295 mil pessoas, sendo a segunda maior população indígena do país. Sendo das etnias Kaiowá, Guarani (Ñandeva), Terena, Kadiwéu, Guató, Ofaié, Kinikinau,Atikum e Cambá.
            Esses povos indígenas participaram intensamente do processo histórico de povoamento do Brasil e também do Mato grosso do Sul.
            Entretanto, pode-se resumir apontando que o processo de colonização do Novo Mundo está relacionado com o desaparecimento desses grupos, quer dizimados pela violência a que os índios, em geral, foram submetidos durante os últimos cinco séculos. Contudo isso não significa afirmar que os índios estão acabando, conforme discussões e visões equivocadas da sociedade dominante, os brancos.
            Os principais equívocos a respeito das representações dos brancos sobre os indígenas.
Primeiro podemos afirmar que os povos indígenas são dotados de inteligência, cultura e formas diversas de vida, isso não significa que ele se enquadre na visão que os não índios (purutuye, não índio em terena)fazem dos povos indígenas, como podemos observar nos relatos, sempre escrito por brancos, que no período Colonial houve muita discussão. Sobretudo na Europa, sobre a origem dos povos das Américas, conhecidos erroneamente como índios: duvidavam até mesmo que fossem humanos. De um lado a visão do dominicano Bartolomé de las Casas, que defendia, de forma um tanto romântica, do bom selvagem e mal civilizado; de outro lado, o jurista Sepúlvera Pertence, o qual defendia uma posição diametralmente oposta, segundo o mesmo(LAMARTINE,2006) continuam sendo dadas até o tempo presente. São povos etnicamente diferentes (BRAND,2011), com saberes, fazeres, visão e experiências históricas próprias, consequentemente, sistematizam seus conhecimentos de forma diferente. Colocados como seres desprovidos de saber e cultura, seus saberes tradicionais acabam sendo marginalizados em nossa educação formal.
A relação histórica dos povos indígenas com a sociedade envolvente (Os brancos).
A relação histórica dos povos indígenas com a sociedade envolvente, os brancos, nunca foi de igualdade, pois os brancos equivocadamente tratavam os indígenas como seres desprovidos de saberes e fazeres, duvidavam até mesmo que tinham almas, foram massacrados e ao longo da história eram vistos, ora como posse(tentativas de escravidão e trabalhos forçados), ora como povos selvagens que deveriam sofrer efeitos da evangelização e civilização, ora como empecilhos ao desenvolvimento do país.
Contudo os povos indígenas ao longo da história tem contribuído para a formação e desenvolvimento do Brasil, lutando para a manutenção da terra em momentos de guerra, oferecendo mão-de-obra em construções e desenvolvimento do país que sabemos que é de todos nós.
Os preconceitos e a luta pela Terra no território Sul-Mato-Grossense
Mato Grosso do Sul possui uma população indígena estimada em 73295 mil pessoas, sendo a segunda maior população indígena do país. As etnias são: Kaiowá, Guarani, Terena, Kadiwéu, Guató, Ofaié, Kinikinau, Atikum e Camba.
Esses grupos indígenas são resultantes de um processo histórico agressivo e violento, conforme observamos nas leituras das produções historiográficas sobre o Estado. Na década de 1920 o Estado sofreu uma migração estrangeira que povoaram a região no intuito de colonizar, tinham também o interesse de domínio na exploração do território e do mercado, provocando um “esparramo”(BRAND,1993), um “confinamento”(BRAND,1997)e um silenciamento dos grupos que já habitavam o local (NASCIMENTO, XAVIER, VIEIRA,2011).
Nesse sentido, essa “colonialidade do poder”que ainda perdura muito forte pelo Mato Grosso do Sul, fizeram e fazem ainda as populações indígenas moldar e remoldar sua organização social, construir e reconstruir sua forma de vida e desenvolverem complexas estratégias, alternando momentos de confronto direto, permeados por enorme gama de violência, com negociações, trocas e alianças(NASCIMENTO, BRAND,2006,p02). Em virtude desses acontecimentos e das condições de vida desses povos, pode-se perceber que as populações indígenas parecem ser as que mais têm sofrido com essa situação, pois desde a colonização vêm sendo posicionadas como minorias étnicas e por esse motivo, têm vivido às margens da sociedade branca, sofrendo diversos tipos de preconceito, sendo obstáculo para a implantação dos valores civilizatórios, sendo vistos como ervas daninhas que devem ser eliminadas, sufocadas(BACKES e NASCIMENTO, 2011,p.25).
Hoje a maioria das etnias do Mato Grosso do Sul lutam por um “pedaço” de terra para que possam viver com o mínimo de dignidade, fazendo “retomadas” e exigindo do Governo Federal que faça a demarcação.
Enfim, as questões de disputas de terras continuam, pois a população indígena vem crescendo, segundo dados do último senso. E o único meio de assegurar que a língua, a cultura, a dança, a culinária a forma de vida peculiar de cada etnia seja preservada é assegurando-lhe a terra.
Referências bibliográficas
- AGUILERA URQUIZA.A.H (org.) Culturas e Histórias dos povos indígenas em Mato Grosso do Sul. Campo Grande: UFMS, 2013.

- WWW.Antropologia social.com.br

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Povos Indígenas: equívocos contemporâneos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
Especialização em Cultura e História dos Povos indígenas
Cursista: Sergio Luiz Romeiro


Povos Indígenas: Equívocos contemporâneos.

Os equívocos em torno da figura do índio são muitos, porém para entender a realidade desse povo e sua diversidade temos que responder alguns questionamentos.
- O índio é tudo igual? Analisando o texto de apoio e os vídeos sobre o tema
chegamos à conclusão de que trata se de uma ideia equivocada que vem sendo trabalhada  ao longo do tempo, sempre que lemos um livro e ou assistimos ao filme deparamos com uma figura de penacho na cabeça semi nu, ou nu, com arco e flecha na mão e que vive da caça e da pesca, sem contar que é repassado à população de que falam a mesma língua, cultuam o mesmo Deus, comem a mesma comida, dançam da mesma forma e fazem os artesanato  da mesma maneira. Porém essa ideia é equivocada, pois existem diferentes povos indígenas. Em minha escola na cidade de Miranda há entre os docentes essa diversidade de etnias, eu sou professor de Língua Portuguesa e sou da etnia Terena, nosso professor de Matemática é da etnia Xavante e a nossa coordenadora é da etnia Kadiwéu. Cada um com a sua língua, pois elas são diferentes e nem todos conseguem estender se eles usarem a língua materna deles. E  muitas outras coisas esses povos são diferentes. Então não resta dúvida que existe diferença entre essas três etnias, portanto posso dizer com todas as letras que índio não é tudo igual.

Índio é atrasado e primitivo? Outro equívoco do livro didático e de outros meios de informação que sustenta essa ideia errônea.  Segundo a visão dos vários antropólogos que deram seus depoimentos nos vídeo de apoio ao texto o índio vive do conhecimento acumulado chamado etnosaberes, isso faz com que os povos indígenas conseguissem sobreviver até hoje. Muitos povos dominam as mais variadas formas do saber, como por exemplo: a agricultura é um seguimento que os povos indígenas conhecem muito bem e colocam em prática esses saberes, quando os homens da aldeia precisam tirar madeira da mata com o objetivo de construir sua casa. Eles tomam muito cuidado na lua, pois se ela estiver na lua nova, nem pensar em cortar madeira, porque certamente irá carunchar (apodrecer) em poucos dias (conhecimento adquirido com meu pai através do etno saber). Porém se a lua estiver na  minguante, pode ir em frente, porque mesmo não sendo madeira de lei, ela irá durar muito tempo, isso é etno saberes, portanto quem ainda tem a visão de que índio é atrasado e primitivo não deve conhecer uma aldeia indígena. Hoje nos deparamos nas aldeias indígenas com  internet, celulares de última geração, roupas de marca. Devemos começar a perceber melhor nessas comunidades indígenas e para os índios com o intuito de desconstruir a ideia de que índio é atrasado e primitivo.
Índio parou no tempo?
Um dos Antropólogo em seu depoimento no vídeo fez um comparativo muito interessante, ele disse que os portugueses de outrora usavam roupas totalmente diferente das que os portugueses usam hoje, porém pelo fato de haverem mudado sua forma de vestir, não tirou o fato deles serem portugueses. Pois quando trata da relação com o índio a coisa muda de figura, pois para a maioria das pessoas o índio que acaba sendo aculturado deixa de ser índio. Uma contradição muito grande, pois pelo fato do índio acompanhar a modernidade não tira o fato dele ser índio. As comunidades indígenas têm buscado conforto, melhorias e acompanhar a modernidade, mas sem deixar de praticar as suas danças, as suas comidas típicas, a sua cultura. Isso é evoluir e não parar no tempo.   
Índio é passado? Não, índio é passado, presente e futuro. Hoje as aldeias indígenas estão muito próximas das cidades, o índio perdeu muita terra, porém tem tentado sobreviver mantendo sua cultura, sua língua, sua arte, seus costumes e sua forma de viver, sim, tem sido aculturado, mas não deixou de tratar a terra, a natureza, a água, os animais com muito respeito, praticando o etno saber. Isso mostra que o índio é um ser capaz de manter as suas tradições e evoluir dependendo da necessidade, fazendo dele um ser que vai perdurar por muitos e muitos anos ainda.
A importância da valorização dos etno saberes (saberes tradicionais) e dos povos indígenas através da lei 11.645/2008.
A lei 11.645/2008 estabelece a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e de médio públicos e privados em todo país. Em virtude da referida lei que estabelece a obrigatoriedade do estudo da história e cultura indígena nos estabelecimentos de ensino, podemos encontrar subsídios para reconhecer e estudar numa nova perspectiva as comunidades indígenas e negras, valorizando a sabedoria do etno saber presente no convívio do índio. Pois o índio é sabedor da importância dos etno saberes e os utilizam. Contudo quem não está inserido no meio da comunidade indígena ou quilombola pensam que essas comunidades não valorizam esses saberes tradicionais, entretanto eles só serão valorizados e reconhecidos com a propagação nas escolas desses saberes, avançando além dos limites das aldeias. Publicando esses saberes em livros, documentários, receitas da culinária por escrito, divulgando a arte e o saber dos povos indígenas.
Enfim, respondendo estes questionamentos podemos concluir que precisamos estudar mais os povos indígenas para compreender a diversidade cultural presente no Brasil e as riquezas inseridas em cada povo presente nos mais longínquos lugares dessa nação abençoada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- AUGÉ, Marc (org.21975. Os Domínios do Parentescos filiação, aliança matrimonial, residência). Lisboa. Perspectiva do homem. Edições 70.
CLASTRES, Pierre. 1978. A sociedade contra o Estado, livraria Francisco Alves. Editora S.A. Rio de Janeiro

HILARIO,Antonio Aguilera urquiza, MARQUES, Levi Pereira, PRADO, José Henrique.