UNIVERSIDADE
FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
Cursista: Sergio Luiz
Romeiro
Especialização:
História e Cultura dos Povos Indígenas
Sociodiversidade
indígena no Brasil e em Mato Grosso do Sul
A
sociodiversidade indígena no Brasil e em Mato Grosso do Sul é muito grande.
Uma estimativa
dos povos indígenas no Brasil em 1500 era de aproximadamente 5 milhões de
indígenas. Segundo Curt Nimuendaju em seus estudos registraram que antes da
colonização existiam cerca de 1.400 grupos indígenas no território brasileiro.
O antropólogo João Pacheco Oliveira em seus estudos disse
“eram povos de grandes famílias lingüísticas- Tupi-Guarani, Jê, Karib, Aruak,
Xirianá, Tucano, etc. Os europeus pela sua incapacidade de subjugar os que não
eram Tupi,
eram identificados como “Tapuios”.
Atualmente o Brasil reconhece a diversidade sociocultural
dos povos indígenas. Ela se expressa pela presença de mais ou menos 283 povos
indígenas distintos, habitando centenas de aldeias localizadas em praticamente
todos os estados da Federação, vivem em 628 terras indígenas descontínuas,
totalizando 12,54% do território nacional. 60% da população está concentrada na
região da Amazônia legal. No Brasil não há um modelo homogêneo de índios.
(fonte: IBGE/2010).
Podemos verificar a distribuição dos povos indígenas pela informação do site WWW.socioambiental.org.
que tem os seguintes dados:
- População indígena –
817.900
- Etnias indígenas –
283
- Terras indígenas –
628
- Aldeias indígenas –
4.067
- Línguas indígenas –
180
O Mato Grosso do
Sul possui uma população indígena estimada em 73295 mil pessoas, sendo a
segunda maior população indígena do país. Sendo das etnias Kaiowá, Guarani
(Ñandeva), Terena, Kadiwéu, Guató, Ofaié, Kinikinau,Atikum e Cambá.
Esses povos indígenas participaram intensamente do
processo histórico de povoamento do Brasil e também do Mato grosso do Sul.
Entretanto, pode-se resumir apontando que o processo de
colonização do Novo Mundo está relacionado com o desaparecimento desses grupos,
quer dizimados pela violência a que os índios, em geral, foram submetidos
durante os últimos cinco séculos. Contudo isso não significa afirmar que os
índios estão acabando, conforme discussões e visões equivocadas da sociedade
dominante, os brancos.
Os principais equívocos a respeito
das representações dos brancos sobre os indígenas.
Primeiro podemos
afirmar que os povos indígenas são dotados de inteligência, cultura e formas
diversas de vida, isso não significa que ele se enquadre na visão que os não
índios (purutuye, não índio em terena)fazem dos povos indígenas, como podemos
observar nos relatos, sempre escrito por brancos, que no período Colonial houve
muita discussão. Sobretudo na Europa, sobre a origem dos povos das Américas,
conhecidos erroneamente como índios: duvidavam até mesmo que fossem humanos. De
um lado a visão do dominicano Bartolomé de las Casas, que defendia, de forma um
tanto romântica, do bom selvagem e mal civilizado; de outro lado, o jurista
Sepúlvera Pertence, o qual defendia uma posição diametralmente oposta, segundo
o mesmo(LAMARTINE,2006) continuam sendo dadas até o tempo presente. São povos
etnicamente diferentes (BRAND,2011), com saberes, fazeres, visão e experiências
históricas próprias, consequentemente, sistematizam seus conhecimentos de forma
diferente. Colocados como seres desprovidos de saber e cultura, seus saberes
tradicionais acabam sendo marginalizados em nossa educação formal.
A
relação histórica dos povos indígenas com a sociedade envolvente (Os brancos).
A relação histórica dos
povos indígenas com a sociedade envolvente, os brancos, nunca foi de igualdade,
pois os brancos equivocadamente tratavam os indígenas como seres desprovidos de
saberes e fazeres, duvidavam até mesmo que tinham almas, foram massacrados e ao
longo da história eram vistos, ora como posse(tentativas de escravidão e
trabalhos forçados), ora como povos selvagens que deveriam sofrer efeitos da
evangelização e civilização, ora como empecilhos ao desenvolvimento do país.
Contudo os povos
indígenas ao longo da história tem contribuído para a formação e
desenvolvimento do Brasil, lutando para a manutenção da terra em momentos de
guerra, oferecendo mão-de-obra em construções e desenvolvimento do país que
sabemos que é de todos nós.
Os
preconceitos e a luta pela Terra no território Sul-Mato-Grossense
Mato Grosso do Sul
possui uma população indígena estimada em 73295 mil pessoas, sendo a segunda
maior população indígena do país. As etnias são: Kaiowá, Guarani, Terena,
Kadiwéu, Guató, Ofaié, Kinikinau, Atikum e Camba.
Esses grupos indígenas
são resultantes de um processo histórico agressivo e violento, conforme
observamos nas leituras das produções historiográficas sobre o Estado. Na
década de 1920 o Estado sofreu uma migração estrangeira que povoaram a região
no intuito de colonizar, tinham também o interesse de domínio na exploração do
território e do mercado, provocando um “esparramo”(BRAND,1993), um
“confinamento”(BRAND,1997)e um silenciamento dos grupos que já habitavam o
local (NASCIMENTO, XAVIER, VIEIRA,2011).
Nesse sentido, essa
“colonialidade do poder”que ainda perdura muito forte pelo Mato Grosso do Sul,
fizeram e fazem ainda as populações indígenas moldar e remoldar sua organização
social, construir e reconstruir sua forma de vida e desenvolverem complexas
estratégias, alternando momentos de confronto direto, permeados por enorme gama
de violência, com negociações, trocas e alianças(NASCIMENTO, BRAND,2006,p02).
Em virtude desses acontecimentos e das condições de vida desses povos, pode-se
perceber que as populações indígenas parecem ser as que mais têm sofrido com
essa situação, pois desde a colonização vêm sendo posicionadas como minorias
étnicas e por esse motivo, têm vivido às margens da sociedade branca, sofrendo
diversos tipos de preconceito, sendo obstáculo para a implantação dos valores
civilizatórios, sendo vistos como ervas daninhas que devem ser eliminadas,
sufocadas(BACKES e NASCIMENTO, 2011,p.25).
Hoje a maioria das
etnias do Mato Grosso do Sul lutam por um “pedaço” de terra para que possam
viver com o mínimo de dignidade, fazendo “retomadas” e exigindo do Governo
Federal que faça a demarcação.
Enfim, as questões de
disputas de terras continuam, pois a população indígena vem crescendo, segundo
dados do último senso. E o único meio de assegurar que a língua, a cultura, a
dança, a culinária a forma de vida peculiar de cada etnia seja preservada é
assegurando-lhe a terra.
Referências
bibliográficas
-
AGUILERA
URQUIZA.A.H (org.) Culturas e Histórias dos povos indígenas em Mato Grosso do
Sul. Campo Grande: UFMS, 2013.